terça-feira, 18 de maio de 2010

Rógerio Ferrari, ética e estética na fotografia

Nascido em Ipiaú, na Bahia, e antropólogo por formação, Rogério Ferrari exerce a profissão de fotógrafo a cerca de 20 anos. Trabalhou em grandes veículos nacionais e internacionais. Atualmente é fotógrafo independente. Ao longo de sua carreira desenvolveu no Brasil e ao redor do mundo, trabalhos que abordam a resistência de povos e movimentos sociais.

Entre os acontecimentos que fotografou estão: Intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro; Crise dos Balseiros (Cuba); Rebelião Zapatista (México); Refugiados do Curdistão e a Ocupação Israelense na Palestina. Dessas experiências resultou o desenvolvimento do trabalho: “Existências-Resistências”, retratado também em seu blog.

Em sua participação no Floripa na Foto 2010, realizará uma palestra sobre o tema: “Qual o poder de uma imagem diante de uma torrente contrária?”. A cobertura de importantes eventos políticos e sociais pelo mundo afora, é a base para a reflexão a cerca do papel da fotografia enquanto instrumento que sugere outra visão da realidade.

A palestra do fotojornalista Rogério Ferrari será realizada no terceiro dia da programação evento (19), às 16 horas.


* Palestina. Foto: Rogério Ferrari



Qual a abordagem da sua palestra no “Floripa na Foto 2010”?
RF - Uma reflexão sobre ética e estética na fotografia. Refletir conjuntamente sobre o papel, o alcance de um fazer fotográfico que pretende comunicar e propor uma visão distinta sobre a realidade. Especificamente, dentro de uma abordagem fotográfica que se relaciona com a realidade política e social, fundindo documento e arte. Assim, quando pergunto qual o poder de uma imagem diante de tanta indiferença, é, exatamente, reconhecer que, pretendendo expressar algo através de uma fotografia, em razão da indiferença e da miopia que turva e condiciona olhar, e pela poluição visual ostensiva, essa pretensão poder resultar numa conversa de surdos. Como dizer, o sentido, o perceber, a capacidade de indignar-se, tudo embaçado.


A popularização da fotografia digital banaliza a profissão do fotógrafo?
RF - Pode banalizar o fazer fotográfico se quem faz a foto é banal. Mas não é o instrumento que dá o tom. Quem define não é máquina mas o coração, é uma humanidade por trás da máquina. Vemos que a tecnologia pode salvar ou matar. Não é assim? Talvez, se disser, que banaliza se referindo ao fato de que agora muitos podem realizar trabalhos fotográficos porque o equipamento digital facilita e pode fazer quase tudo, exceto o click, aí sim banaliza. ou torna mais acessível.

Você costuma editar suas fotos com programa de edição de imagens (tipo photoshop)? O que acha desta prática?
RF - Não utilizo. Não será um problema se não for utilizado como artificio.

O que caracteriza uma boa foto?
RF - Se ela lhe tocar, será boa.

Cite alguns fotógrafos que são referência no seu trabalho.
RF - Pode ser estranho, mas não tenho. Gosto de muitos que possuem estilos diferentes. Do russo Alexander Rodthenko ao meu conterrâneo Fernando Vivas.

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