Fábio Elias, do Mundo para Floripa

O fotógrafo brasileiro Fábio Elias é um dos convidados do Floripa na Foto 2010 para expor e comentar sobre suas fotos, produzidas em mais de 70 países em expedições e safáris fotográficos.

Durante 28 anos, o fotógrafo viajou o mundo capturando natureza e culturas distintas. Este material fotográfico estará exposto e o profissional ministrará a palestra “Retratos pelo mundo - Povos e tribos em expedições fotográficas”, no dia 20.05, a partir da 14h, e realizará o workshop “Retrato Documental Outdoor” , das 9h às 12h nos dias 20 e 21.05.

Formado pela School of Visual Arts of New York e pelo Center of Photography of New York, hoje além de coordenar uma empresa de expedição fotográfica, a Imagens & Aventuras Expedições Fotograficas, no Rio de janeiro, Fábio Elias trabalha como free lancer para as revistas: Travel In, Geográfica Universal, Manchete, Ecoturismo, Guia PanRotas e Horizonte Geográfico. Confira a entrevista.

Para você, o que caracteriza uma boa foto?

Para mim uma fotografia é composta de três fases: A que você olha, a que você captura na câmera e a que é finalizada na edição (no meu caso específico, não quero dizer manipulação). Seria então aquela que você consegue registrar aquilo que você realmente queria gerando um impacto ao observador.

Cite alguns fotógrafos que você considera como ícones da boa fotografia.

Difícil incluir uns e deixar outros de fora, até porque depende da área de trabalho de cada um deles. Sou profissional e admirador de fotografias, então teria uma série deles a citar.

Faz uso de programas de edição, como por exemplo o photoshop? O que acha da técnica? Aprova?

Esse é assunto polêmico e temos que ser cautelosos para as diversas interpretações que possa gerar. Resumidamente posso dizer que uso muito o Lightroom, para fazer ajustes finos imprescindíveis a qualquer fotografia. Hoje em dia as pessoas têm acesso a esses programas muito facilmente, e o que era um mistério quando falávamos em laboratório colorido (grandes máquinas que praticamente só eram encontradas em lojas ou laboratórios profissionais). Hoje, portanto, qualquer pessoa com seu computador pode fazer "o que quiser" na pósprodução. Minha opinião é que (mais uma vez dependendo da área de atuação de cada um, isso seja usado como ajuste fino e não como um auxílio milagroso para falta de capacidade técnica ou estética na hora da captura). Mas vale lembrar que, existem pessoas que usam, e bem, esses programas para fins de criação de imagens "propositalmente manipuladas" numa outra área da fotografia. E outras que abusam da falta de capacidade para tentar o tal milagre.

A popularização da fotografia digital banaliza a profissão do fotógrafo?

Para ser sincero, infelizmente sempre foi banalizada, estou nessa área há bastante tempo e não acordei um dia e disse; hoje acordei fotógrafo, vou virar fotógrafo. Estudei muito para isso. Como dou aulas de fotografias, vejo as pessoas depois de um curso rápido apresentar seu cartão de visitas com o "título" fotógrafo, ou comprar um equipamento achando que vai fazer tudo sozinho e todos seus problemas estarão resolvidos. Mais uma vez, infelizmente, as pessoas não se dão o trabalho de ver isso como uma real profissão (que não se acorda de uma hora para outra e diz que vai virar fotógrafo). Com o advento digital, pelo lado profissional as coisas mudaram de figura, porque o investimento é inicial (resumidamente falando) e depois as pessoas saem clicando a esmo sem muito critério (já que não existe um "custo de revelação), então a pergunta da moda é: Quantos cliques você fez? A preocupação com quantidade está muito mais em evidência (genericamente falando).

Usa máquina digital, analógica, ou ambas? Por quê?

Hoje só digital, porque não da fugir da tecnologia, mais uma vez citando meu trabalho pessoal. É mais do que uma realidade a qualidade digital, não dá mais para ficar com saudosismos. Só que precisa-se estudar muito técnicas de captura e pósprodução para não se enrolar e cair do cavalo na hora do resultado final.

Foto: Imagens & Aventuras