terça-feira, 18 de maio de 2010

O legado de Henri Cartier Bresson

A maneira mais simples de levar os detalhes da vida humana às pessoas. A capacidade de buscar uma síntese, a partir de uma imagem. Tocar, sensibilizar e promover a auto-reflexão, além de outras inúmeras habilidades. A facilidade do fotógrafo Henri Cartier- Bresson ao transmitir e retratar temas comuns à sociedade foi tema de palestra do Floripa na Foto 2010, nesta terça-feira (18/05), às 19h30, no Centro de Eventos da UFSC.

A palestra, proferida pelo crítico e curador de fotografia Eder Chiodetto, tratou sobre a importância das obras deixadas por HCB – um dos mais influentes fotógrafos da história – e a forma de como o mestre francês revolucionou o mundo da fotografia ao enfatizar em suas obras a relação emotiva, principalmente com o público leigo.

“Bresson é muito mais que uma idéia simplificadora do instante decisivo. O fio condutor de toda sua trajetória é a capacidade de perceber na vida, a beleza suprema de uma pessoa”, declara Chiodetto.

Outro ponto abordado pelo mestre em Comunicação e Artes pela USP foi a exposição “Henri Cartier-Bresson: Fotógrafo”, que reuniu de setembro a dezembro do ano passado, cerca de 160 mil visitantes no SESC Pinheiros, em São Paulo. A mostra, composta por 133 fotografias, pertence ao acervo da Agência Magnum, fundada por Cartier-Bresson em 1947. Segundo Chiodetto, HCB criou em 45 anos de carreira um estilo único e tornou-se pai do fotojornalismo contemporâneo, ao lado de Robert Capa.

Veja algumas fotos de Henri Cartier-Bresson em nosso álbum no Flickr

Momento decisivo
“Não há nada no mundo que não tenha um momento decisivo”, diz Bresson (em auto retrato, na foto ao lado). Para Chiodetto, esse instante é uma das características mais marcantes de Bresson, que ficava durante horas aguardando por um ato primoroso: o de clicar as suas fotos. Um instante comparado pelo mestre ao orgasmo.

Eder, também jornalista, sugere aos amantes de Bresson um novo olhar a partir de suas obras. “Não adianta termos uma visão cristalizada de Cartier-Bresson, deve-se rever as obras dele e encontrar pontos em comum entre elas, possíveis diálogos, ligações, etc.”.

Durante um filme exibido após a palestra de Chiodetto, Bresson explica sua abordagem à fotografia nestes termos, "Para mim, a câmera é um caderno de desenho, um instrumento de intuição e espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide ao mesmo tempo. É por economia de meios que se chega a simplicidade de expressão."

Henri Cartier-Bresson faleceu em casa, na região de Provença-Alpes-Costa Azul na França, em 3 de agosto de 2004, poucas semanas após o aniversário de 96 anos.

Fotografia: João Salgado

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