sábado, 15 de maio de 2010

O acaso objetivo de Henri Cartier-Bresson


Durante a participação no 1º Floripa na Foto, Eder Chiodetto irá abordar a importância da obra de um dos mais influentes fotógrafos da história, enfocando a forma como o mestre francês levou a fotografia a expandir seus horizontes de representação tanto no documentarismo quanto no campo da arte. A influência de Henri Cartier-Bresson sobre a fotografia brasileira também será um dos assuntos abordados.

Jornalista, fotógrafo, curador independente e crítico de fotografia do jornal Folha de S.Paulo, Eder Chiodetto é mestre em Comunicação e Artes pela Universidade de São Paulo. É autor do 
livro O Lugar do Escritor (Cosac Naify), um dos vencedores do Prêmio Jabuti 2004. Atualmente, ministra cursos no Museu de Arte Moderna de São Paulo, além estar a frente de curadorias importantes pelo Brasil.

Em uma entrevista concedida ao site Olhavê você disse que começou na fotografia de maneira inusitada.  O que aconteceu?
EC - Estava muito infeliz com o meu trabalho na época e pensei na fotografia como um alento, mas aí ela foi tomando conta da minha vida. Resolvi fazer jornalismo já pensando em mudar minha vida de analista de hidrocarbonetos na Petrobras pela de repórter-fotográfico. Quando a gente põe um foco preciso o universo conspira a favor. Deu certo!

No ano passado, você foi responsável por algumas curadorias de grande representatividade. Comente um pouco.
EC - De fato 2009 foi um ano inesquecível, consegui produzir três grandes exposições de forma muito legal e que deixaram saudades. Olhar e Fingir, no MAM-SP, Henri Cartier-Bresson: Fotógrafo, no SESC Pinheiros e A Invenção de um Mundo, no Itaú Cultural foram um marco na minha carreira e penso que uma contribuição importante para esse movimento todo em torno da fotografia e sua profissionalização no circuito das artes. Neste momento estou fechando a curadoria de uma exposição do grande mestre German Lorca, que irá ocorrer em Brasília e no Rio de Janeiro e em paralelo estou editando o livro dele na Cosac Naify. Outras curadorias em curso são as do Steve McCurry (fotógrafo americano que atua na Magnum) para a Galeria de Babel (SP), dos 10 anos do Clube de Colecionadores de Fotografia no MAM-SP e Do Desejo Inconfesso para a Micasa.

Depois de ter acumulado em sua carreira mais de nove anos de experiência como editor e crítico de fotografia, você passou a ser mais rigoroso com as suas fotos?
EC - Sou cada vez mais um editor e curador profissional e um fotógrafo amador!

Diante do cenário que vivemos, é possível perceber que cada vez mais amadores fazem parte do noticiário, como colaboradores ou leitores-repórteres. Isso ameaça o trabalho de um fotojornalista?
EC - Os amadores tomaram e tomarão cada vez mais conta da fotografia de instantes inesperados, das tragédias, dos acidentes, da photo opportunity. Essa fotografia de um evento que ocorre inesperadamente ou mesmo de eventos agendados. O repórter-fotográfico profissional terá que se tornar mais complexo, contar histórias em profundidade, pesquisar, se dedicar a um tema. Isso os amadores não fazem…

Na sua opinião, como fica a função do fotógrafo em tempos que todos estão no lugar certo, na hora certa, com uma câmera na mão e com internet? A internet pode acabar com o fotojornalismo?
EC - NÃO! A Internet está revitalizando o fotojornalismo de uma forma incrível! Veja o Magnum in Motion, veja o Garapa, a Galeria Experiência e etc…

E por fim, a que se atribui a falta de espaço para as reportagens fotográficas nas atuais redações? Por que isso ocorre?
EC - Porque as redações viraram uma repartição do departamento de marketing.

Foto: Otávio Dias de Oliveira

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