sexta-feira, 21 de maio de 2010

Refletir a fotografia com Felipe Prando

Foto: Bruna Coelho

Com 17 minutos de atraso para a ansiedade dos participantes, a oficina de Felipe Prando, que ocorreu ontem no Centro de Comunicação e Expressão da UFSC, começou com um “pequeno” resumo das atividades já desenvolvidas pelo fotógrafo. Pequeno entre aspas porque só o mini-curriculum de Felipe levou quase duas horas para ser narrado, tempo inesperado para quem começou a fotografar há apenas sete anos.

Entre os 16 participantes estavam, tanto fotógrafos, quanto leigos no assunto. Mesmo assim, as pessoas trocaram ideias, fizeram perguntas e debateram alguns temas relacionados à fotografia.

O que não escapou dos focos abordados foi a ética. Ainda mais se tratando de fotografia documental, aquela que segundo Prando “dá testemunho de uma realidade”. Para difundir o aprendizado, transcrevo o exemplo de Felipe: “Se vamos fazer um trabalho fotográfico sobre um asilo, além de clicar aqueles velhinhos bonitinhos e risonhos, temos que clicar também os idosos que não são felizes lá. Se isso for a verdade, devemos mostrá-la, devemos ser éticos”.
 
Com toda essa discussão sobre a ética, me surgiu uma dúvida. Se a fotografia documental comprova o acontecimento de algo, como podemos “confiar” na imagem sabendo que, nos dias de hoje, a manipulação faz parte de, praticamente, todo trabalho. Questionei isso ao Felipe. Mas, segundo ele, a fotografia documental não perde a credibilidade. Fiquei até confusa, mas em seguida ele completou: “Todo documento é construído, a fotografia também”. Mais tarde, analisando o trabalho de outros profissionais nos anos 70, percebemos que a manipulação já existia desde essa época, quando os fotógrafos “montavam” as cenas. Mas Felipe ressaltou que o objetivo da foto documental é fazer refletir sobre o “nosso tempo”, independente de a imagem ser construída ou não.

Depois de mostrar trabalhos e contar a história de fotógrafos clássicos como Lewis Hine, Eugene Smith e Jacob Riis, Prando destacou que a fotografia documental precisa contar uma história e, pra isso, a edição é fundamental. Nessa fase, o profissional seleciona as fotografias que melhor vão retratar aquela verdade. A dica é: ter o que contar e saber como contar. Na oficina de hoje, Felipe separou um tempinho para analisar fotografias dos participantes. Agora: ao trabalho. Nos encontramos 14h na UFSC.

Um comentário:

  1. Realmente a verdade deve ser mostrada, a ética deve estar acima de qualquer requisito para um bom profissional.

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